quinta-feira, 30 de abril de 2009


“Existem etapas que precisam ser concluídas por você, você sozinha, moçoila. Não adianta chamar o pombo-correio para enviar mensagens às amigas. Elas estão bastante ocupadas, demos trabalho suficiente para que elas não possam se comunicar com você nem mesmo por pensamento. E lembre-se, não se revolte, pode perder a harmonia” , disse a mais velha, a mais horropilante das três mulheres. Aquela que não havia determinado nenhuma tarefa e sem linhas ou novelos nas mãos.

Lili havia acordado de péssimo humor. Pensava por que havia de ter imaginado naquela pequena marca, daquele pequeno arbusto, uma passagem secreta para qualquer outro lugar. O lugar, em si, não importava. O que valia era a descoberta. Ou, quem sabe, a ansiedade pela descoberta. A possibilidade. A vazão perigosa que a imaginação precisa de vez em quando.

Quando o Sol refletiu naquele pequeno pino encravado no tronco da planta, ela não duvidou. Correu até lá. Poderia ser uma inscrição antiga de um índio, índio somente não, de um pajé. Um traço de um mapa fabuloso deixado ali há mil anos por um pirata. O portal para um cemitério escondido, cheio de fantasmas. Parte de um feitiço de uma bruxa. Tudo ao mesmo tempo. A cada novo pensamento, um pulo, um esfregar de mãos diante de tamanha excitação. Lili não se continha com tantas idéias juntas que surgiam ao mesmo tempo. Saltitava para um lado, rodopiava para outro. Até perceber a presença de alguém. De vários alguéns. Das três senhoras simpáticas que se aproximavam e que a faziam voltar a si aos poucos.

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