domingo, 12 de abril de 2009

Penélope


Não, moça, o mundo não é cor de rosa com tons lilás. Não, moça, o guarda não queria saber se você cantou pneu porque estava aprendendo a dirigir. Muito menos se você está com a habilitação há três dias.


Não depende de nós. Depende de você, moça. É preciso ter fôlego para subir a ladeira e saber a hora exata de ir mais devagar, para não ter que desistir no meio do caminho.


Não, moça, não pense demais na mulher do ônibus que falou das suas Três Marias. Melhor lembrar das Três Marias de Rachel de Queiroz e de As Meninas de Lygia Fagundes Telles. Recorda delas?


Moça fica quieta que é tempo de pouco movimento. Há perigo no seu desespero de vida.


Penélope, não esquece do teu marido e dos tantos nãos que te dou hoje. Não aqueles que você mesma se dá. É teu presente. Olha os sinais. São diferentes dos que queria mas possuem "sim". Abre os olhos, mulher.


"Enquanto Ulisses guerreava em altos mares, o pai de Penélope sugeriu que sua filha se casasse novamente. Ela, uma mulher apaixonada e fiel ao seu marido, decidiu que o esperaria até a sua volta. Perante a insistência de seu pai, para não desagradá-lo, Penélope resolveu aceitar a corte dos pretendentes à sua mão, mas com uma condição: casaria somente após terminar de tecer uma colcha. Colcha esta tecida em tricô, para que a noite o destrabalho rendesse".


Quando sairá do lugar, Penélope moderna? Quando terá coragem? Não percebe que o fio se acabou e não há ninguém a lhe esperar?
Brincadeira, brincadeira. É que alguns apegos precisam de nomes. Principalmente, os que são frutos de algum tipo de representação ou de marca de tempo.
Pena que a charmosa não é morena de cabelos curtos.

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