quarta-feira, 8 de abril de 2009

Conceitualização


"Instead of feelin' bad, be glad you've got somewhere to go

Instead of feelin' sad, be happy you're not all alone

Instead of feelin' low, get high on everything that you love

Instead of wastin' time, feel good 'bout what you're dreamin' of"


Madeleine Peyroux - Instead


É porque escrever na primeira pessoa cansa. Mas, se fosse pra escolher um mutante, Vampira. Tanto a do desenho quanto a do filme. Se bem que até vale a pena ser Jean Grey com Hugh Jackman como Wolverine. Hugh Jackman é um dos homens dos meus sonhos.


Só que negócio de homens dos sonhos não existe. Vampira quebra a cara com o vaidoso fazedor de gelo. Ariel, na verdade, vira espuma do mar porque o tal rapaz se encanta por uma humana e não por uma sereia abestalhada que se sacrifica por ele. É até melhor ser esponja do mar, porque não pensa, parece que nem possui terminações nervosas - não sofre! Foi uma bênção virar esponja! Ai se todo mundo cujo coração fosse despedaçado pudesse se transformar em esponja. Ficar enganchada nos corais bonitos, ver peixes coloridos de um lugar privilegiado, ver tudo azul o tempo inteiro. Nada melhor para curar dor de amor.


E dor e amor não tem nada a ver. Se tiver, é porque algo está pelo avesso.


Bem, por isso que é preciso aceitar a natureza das pessoas substitutas. São esponjas do mar. Vão e vem com a maré, são coloridas com o detalhe de que se desfazem se tocadas com mais força. Pelo menos, é assim que imagino como vive uma esponja do mar. Pessoas substitutas, na descrição feita através de um aprimoramento conceitual com aplicação inspirada numa distorção leve da idéia de Lévi-Strauss em "O Pensamento Selvagem", são pessoas que indicam condições transitórias da vida alheia.


Por exemplo, não fui o primeiro beijo nem primeira qualquer outra coisa na vida de ninguém. Elemento transitório, fica mais ou menos entre a terceira ou a quarta namorada, uma das mais legais (assim espero), mas que não desperta algo mais intenso. Quase uma recordista de foras, o que também é legal. Na brincadeira do Jogo do Contente, um fora soma pontos positivos e pode ser revertido em algo muito bom mais para frente. Uma pessoa substituta aprende a ser mais relax. Como o fora faz parte do cotidiano, a gente só espera a hora de acontecer. Às vezes demora, outras nem tanto. Dos foras que levei, como pessoa substituta que sou, estão (ordem aleatória, quem quiser que faça sua classificação):


1)Foi o timing

2)Sumi porque minha mãe estava com câncer

3)Seu cachorro late muito e sua irmã é chata

4)Oh, tu tem que ir. Vou estudar, tá (menos de meia hora depois que cheguei)

5)Gostar não é a questão

6)Você não se acha preparada para aprofundar a relação

7)Estou peregrinando pela cidade, alguma hora chego na tua casa. Ih, foi mal. Já é outro dia, né?

8)Voltei com minha ex

9)Mandei um buquê de rosas e ela gosta de outro (ela, outra menina, não eu)

10)Eu tô meio bêbado mas acho que gosto de outra, viu? Fique bem, tá? Dorme bem, viu? (várias ligações a cobrar às 3h30 da manhã)


Devidamente treinada na escola dos substitutos, eis minha reação para os respectivos foras:


1) Pois é.

2) Tudo bem, sem problemas

3)Ah, pode dizer que vem estudar aqui em casa, acoberto teu namoro (com outra)

4) Ah, boa sorte! Vou ali tomar um sorvete.

5) Certo. Vou para a Faixa de Gaza, ou para um retiro espiritual ou para a África do Sul, devem existir muitas questões por lá.

6) É porque sou menor de 18.

7) Sem problemas, eu também estava com sono, essas séries da Sony que reprisam de madrugada dão um cansaço.

8) Todo apoio! Acho que temos que ir atrás do amor, acreditar no amor, perdoar. A história de vocês é linda. Caramba! O amor é lindo. Declare-se urgentemente!

9) Ah, mas o que importa é que você demonstrou o amor que sente por ela. Conta mais aí de vocês.

10) Tudo bem. É, vê, a gente se fala depois. Tá certo, não vou ficar mal. Vê, preciso dormir. Toda sorte para vocês. viu.



Com exemplos práticos, pode-se perceber que pessoas substitutas são aquelas desavisadas pelo destino que ficam no meio caminho entre alguma história de amor incrível e surpreendente. Geralmente, seus envolvimenos sentimentais são catalisadores de algum romance intenso, forte e duradouro. Pessoas substitutas são tão acostumadas a isso que até acham bonito. É que é importante ajudar casais apaixonados, de qualquer forma. E, sim, pessoas substitutas acreditam piamente no amor. Nem que seja no amor dos outros.

P.S.: Claro que não levei somente dez foras na vida. Não dava para elencar todos.
(Na adolescência, eu podia jurar de pés juntos que o destino me colocou no mundo para ser coadjuvante do filme da vida das minhas amigas. É até bom pensar assim. Enquanto elas estavam de protagonistas de um filme só, eu era coadjuvante de um bocado de enredos. Eis a explicação do porquê é divertido aproximar casais a la Santo Antônio)

Um comentário:

  1. Todos somos pessoas substitutas em algum momento da vida. É legal ser a coadjuvante de vez em quando, a garota que faz um certo cara entender que outra é a mulher da vida dele. Mas não acredito que passamos pela vida e só conseguimos ser alguém que facilmente é substituido. De certa forma, deixamos marcas na vida das pessoas, sejam elas boas ou ruins... A nossa busca implacavel se resume em torna a nossa vida uma passagem completamente especial.

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