quinta-feira, 23 de abril de 2009

Jogo do Contente


Aninha,

Só para deixar declarado que você é minha heroína. Que você me faz olhar para a vida de forma diferente. Agora, neste exato momento, um choro de alívio ameaça tomar conta de mim. Sua bondade, seu jeito suave de perdoar fácil, sempre foram inspiradores. E até merecedores de críticas. Afinal, era preciso que você pensasse um pouquinho em si mesma. Não achasse tanto que os desafios dos outros eram gigantescos perto dos seus. Você mostrou que não tem desafio que não possa ser vencido. Com maturidade, serenidade, cabeça erguida e paz de espírito. Além da crença em Deus, claro.

Eu me vi como portadora de más notícias quando soube que era câncer de mediastino. Chorei com Cecília no celular. E hoje foi Cecília quem me deu a boa notícia. Meu celular não funcionou quando você me ligou. Acho que era porque era pra Cecília ser a mensageira da boa nova. Compensações da Providência. Foi difícil ver você internada, com dificuldade para respirar. Mas, você reagiu de forma impressionante. Surpreendente. E, às vezes, você nem imagina, fui até a quimioterapia buscando um pouco dessa sua sabedoria, sabe? Buscando cura para mim mesma. Fui egoísta, confesso.

Aninha, você ensina tanto a gente. Graças a você, me sinto menos constrangida para dizer “eu te amo” a alguém. Principalmente, a meus amigos. O tempo é muito curto para não nos mostrarmos para quem amamos, não é? Tudo pode mudar tão rápido. Graças a você, acredito em milagres. Afinal, você é um. E pude ver de perto.

Para mim, a sua doença mais trouxe de bom que de ruim. Porque Deus escreve certo por linhas tortas (de vez em quando, de acordo com a estratégia dele, que nem sempre entendemos). Não há nada de mal que não possa trazer algo de muitíssimo bom. É questão de tempo, de paciência, de saber enxergar.

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