sexta-feira, 11 de junho de 2010

Respira fundo, fecha os olhos e vai

Se eu não pedir você em casamento, tem calma. Se eu não chegar com pulos e saltos e beijos e abraços. Tem calma. Meu coração é daqueles que não conseguem dar conta de tudo de uma vez só. E ele é muito estranho. Mais estranho do que eu mesma pude ser em qualquer dia ou minuto da minha vida. Pequena vida. Menor que meu coração. De verdade. Até porque parece que meu coração ficou gigante, esticou as pernas para abraçar o mundo e se foi.

Meu coração era um tanto inquieto. Não ficava no mesmo lugar embora não desaparecesse de dentro de mim. Há dias que batia bem na palma da minha mão. Ela, coitada, pobre vítima, fica molhada e trêmula. Nem parecia mão. Parecia até outra parte do corpo. Às vezes, meu coração fugia pra lá também. Mas não se demorava muito. Achava que ali não era bem lugar pra ele. Coração é desses seres que se acha importante, que crê fazer girar em torno dele.

Ele nunca ficara perto da boca porque ouviu dizer que é por ali que os outros corações costumam sair. E ele não pretendia deixar de me ter como morada. Pelo menos foi o que alardeou por aí. Sou bem fácil de habitar. Obediente. Atenta às regras dele.

E eu achava que estava tudo bem entre mim e ele.

Que eu poderia sentir sempre cócegas quando ele resolvesse passar pelas minhas pernas. Frio na barriga porque ele quis brincar por lá. Bastaria você falar para mim de paixão (meu coração escuta tudo melhor do que eu). Da minha por você. Da sua por mim. Meu coração faria do meu corpo uma montanha russa inteira.

Só que meu coração...meu coração. Ele pediu férias. Há algum tempo. Achei por bem deixar o danado descansar um pouco.

Um pouco. Não tanto.

Uns dizem que foi visto na Espanha. Outros, cansou da minha impaciência com Copa do Mundo e afins e se desbancou pra África do Sul. Os pessimistas acham que ele morreu. Os otimistas falam em hibernação.

Então, se você pegar na minha mão e eu ficar calada, calada, concentrada, saiba. É pedido que faço pro meu coração voltar. Logo.

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