terça-feira, 15 de junho de 2010

Copa do Mundo

Ela bebeu o que sobrou do vinho e foi pra casa. Ligou o som do carro mais alto que o costume. Na primeira curva, baixou. Já lhe bastaria seus pensamentos, já era barulho suficiente. Se não fosse tão tarde, compraria mais uma garrafa de vinho. Caso não deixasse as ideias mais claras, traria o sono mais depressa.
O vinho sempre foi um bom anestésico. E uma boa desculpa. Parou no caminho. Outra garrafa e um maço de cigarros. Nunca soube tragar. Só que, era preciso. Álcool e cigarro. Ocuparia bastante o tempo e o vazio do apartamento.
As caixas ainda estavam pelo chão, cheias. Nada da mudança ocupava a prateleira. Roupas pelas cadeiras e cds espalhados no carro. Os livros construiam uma quase estante própria. Empilhava-os em formatos diferentes a qualquer sinal de tédio. Olhava para o celular que lhe servia de relógio. Ligou o computador para ouvir alguma música.
Escolheu o perfume favorito e resolveu borrifar o espaço todo com ele. Girou sobre seus próprios pés enquanto molhava as paredes com aquele cheiro. Seu próprio cheiro. Queria se livrar das paredes e daquilo tudo.
Estava bêbada.
Acomodou os livros num canto, tirou uns casacos da caixa, estirou umas toalhas no chão.
Dormiu.

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