sexta-feira, 4 de junho de 2010

Apenas o fim

Ela relutou bastante até assumir a verdade. Já viveu sim um grande amor. E, diz aos mais próximos, se não casou a culda dela somente. Como toda narrativa que se digne de assim ser chamada, o fim do grande amor de Maria Joaquina teve princípio, meio e fim. É uma história que vale ser contada. Assim, mais ou menos. Isso de amor é tudo tão repetitivo.
Ela e o namorado eram um casal apaixonado com direito a todos os clichês. Os quais não serão aqui publicados porque, apesar de achar que ninguém lê esta joça, vai que o rapaz resolve passar por aqui (e, oras, sexta-feira, chuvinha, tô aqui, tô carente, tô sozinha). Se já namorou e se já terminou, não será olho furado, né? Não posso me queimar a troco de banana. Não, ele não era um banana apesar de seres masculinos bananóides já (deixa para depois, prometi que não me queimaria na fogueira virtual).
Bem. Vamos lá.
Tudo começou quando a moça teve uma brilhante ideia para o Dia dos Namorados! Tchanram! Um mural em cores vermelha e preta com um boneco do infeliz pregado! Uma almofada de coração pendurada e várias fotos e bilhetes. Fotos recortada por ela, que até hoje não sabe se é destra ou canhota. Que lindo! Se não fosse terrível. Resultado do prólogo: choro porque o senhor sensato se recusou a pregar o mural na parede da casa nova dele (e da velha também). Primeiro trauma.
E, para quem quiser saber o fim, caso o leitor inexistente ainda resista depois de tantas enfadonhas linhas, segue abaixo o restante do relato.
Foi triste. Depois de passar dois dias inteiros a ligar para um restaurante de comida esquisita que sediaria o aniversário do amado, a mo nça descobriu pelo twitter que ele já havia feito convite para celebrar a data em outro lugar. E ela foi a última a saber. Triste, frustrada, desesperada, eles brigaram e romperam por algumas horas. Ainda apaixonada, a menina comprou a versão mais nova do FIFA e uns joysticks novos para alegrar o coraçao do garotão. Porém, ainda restava a mágoa.
Ao chegar no novo espaço da festa, ela não se rendeu aos beijos ardentes, suculentos, deliciosos do rapaz. Entregou-se à vodca. Na hora da saudade, temerosa da distância que agora surgia entre eles, Joaquina subiu ao palco. Voluntariou-se para o número "Cantando no banheiro", parte do show daquele sábado. Escovão em punho e touca na cabeça disparou "Fazer amor de madrugada, tchururu, tchu tchururu", seguidos de "Casa comigo, bebê lindo!". Constrangido pelo desafino agudo da menina, o rapaz terminou o aniversário ali.
Incompreendida, desolada, abandonada, Joaquina correu para chorar no banheiro, sem mais cantar.
- Eu botava logo um par de gaia. Foi tudo muito romântico, foi lindo! (ouviu de uma bêbada diabética que injetava insulina no recinto)
- Manda se foder. (disse, direta, uma amiga do infeliz)
Jojô chorava, tremia, sofria, amava.
E o namorado, agora ex, nem se compadecia.

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