terça-feira, 24 de março de 2009

Classificações Avulsas


(Inspirações pós aula do almoço)


Um ex-namorado odiava minha mania de classificar pessoas. De usar meu faro para colocar em caixinhas os tipos humanos. No tarot, as imagens do comportamento humano são concentradas nos arquétipos. A mulher sensual e pragmática está na Rainha de Ouros; a mulher sedutora na Rainha de Copas; o cara conquistador no Rei de Paus, etc.

Nas rodas femininas, existe a classificação clássica que separa o machão, do bonzinho e do cafajeste. Categorias que possuem variações (macho alfa x macho beta; homem tipo A, tipo B e tipo C; vodca com pôquer, vinho com xadrez, uísque com videogame, cerveja com futebol e todinho com peteca, etc).

A questão é: por mais que no mercado de romances surjam tipo variados, geralmente, oscilamos entre os mesmos personagens. Por mais que se saiba que o tipo real ideal seria o uísque com videogame, sempre fazemos deles nossos melhores amigos e não conseguimos deslocar nossa atração para indivíduos assim, até porque uísque deixa um gosto de sapato velho na boca no day after.

A tipologia acima analisada foi repassada por um amigo que tomou conhecimento desses conceitos-chave através de uma amiga. Cerveja com futebol seria um cara mediano a la Homer Simpson; o vinho com chocolate corresponde ao gentleman; uísque com videogame é o cara gente boa que nos passa a versão masculina dos fatos, sem frescura; vodca com pôquer – o aventureiro, o cafajeste por excelência; e, o último tipo, criado por mim, o todinho com peteca, que representa o clássico “criado por vó” (e por mãe, tia, madrinha, com muita goma na roupinha, aquela não tem uma mancha). Ah, namorei um menino que foi passar o dia com minha família na praia e levou uma mochilinha. Quando dei uma olhada discreta, avistei uma cueca bem dobrada, que parecia ter acabado de sair do pacote “compre duas e leve a terceira de graça”.

(Bolsa ajuda a decifrar a esfinge feminina e a mochila é sua correspondente quando tratamos de homens. O mauricinho se entrega por ser muito organizado. O macho alfa não tem mochila, querida, ele carrega tudo numa sacola de supermercado e pronto ou, na mais sensível das hipóteses, enfia tudo numa sacola de tecido com estampas do exército – feche os olhos e imagine a bagagem que Rambo levaria para a lua de mel, pronto, algo do tipo)

Embora a gente saiba que toda a sofisticação do vinho com chocolate seja, na verdade, obra de um cerveja com futebol mal disfarçado ou um vodca com pôquer mais elegante, caímos na tentação de acreditar que príncipes encantados existem. Às vezes faltou somente beijar o sapo para a transformação acontecer.

Não aceitava muito bem o porquê de Carrie, em Sex and the City, cair de amores por Mr. Big quando o Mr. Right seria Aidan. Até parar para pensar e ver que Aidan não era tão certinho pra ela assim. Para ficar com Aidan, Carrie precisaria ser o que ele esperava dela, não ela mesma. Apaixonada, ela tentou bastante. O oposto do que acontecia com Big. O cafajeste era o príncipe e o príncipe era o sapo.

As classificações são importantes porque nos ajudam a tecer parâmetros, para deixarmos acesa aquela luz de alerta. Numa comparação criada neste meu auge consumista: por mais que eu acredite que meu tamanho seja 38 e o vestido P, estou, no momento, com uma calça 36 bastante confortável, além disso, existem lojas onde o PP ou o M vestem bem melhor no meu corpo. É preciso provar e ver como fica o caimento, o ajuste. Na afobação, em meio a uma promoção irresistível, dia desses, levei uma sandália linda de um número maior que o meu e que, depois, deu problemas para usar. Linda na vitrine e na hora da compra, em seguida, meio sem graça no meu pé.

Um comentário:

  1. Acho que essas classificações também se encaixam em mulheres.. lógico que com adaptações!! No entanto, a pesar de achar engraçado tais divisões, não acredito em rótulos... O ser humano é complexo demais para ser separado por categorias. "É preciso provar e ver como fica o caimento, o ajuste", com certeza... Muito bom o post, Mari

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