sábado, 15 de maio de 2010

Só para ocupar espaço

O horóscopo disse para prestar atenção nos sinais. Que sinais poderia surgir pra quem ficou o dia todo em casa? Nenhum. Existem dias que valem por uma semana inteira e outros que poderiam sumir, ninguém perceberia a falta deles. A vida é inacreditável.
Existe um oceano dentro de cada um. A claridade varia não de acordo com a profundidade, talvez de acordo com qualquer coisa que escapa. Tudo nos escapa. Ainda bem. Beltrana não procurava certeza em Fulano. Ela não tinha certeza nem pra ela. Não queria a dele pra si. O que ofereceria em troca?
Beltrana até que gostaria de ser daquelas meninas que sabem quando é certo. Que definem. Ela era uma folha ao vento. Às vezes, chegava mais perto do chão e algum grão de areia a prendia à terra. Noutras, ziguezagueava sem rumo. Secava ao Sol aos poucos.
Queria ter sido rosa que moça enamorada ganha de presente. Pra ficar segura na janela, desidratar num mesmo canto, dia a dia. Até morar dentro de um livro.
Era Beltrana sem definição. Por isso, até mesmo por isso, seu nome, nome de qualquer uma.
Não tinha história. Era uma folha, aquela menina.

Um comentário:

  1. Estava eu navegando pelos mares da internet e acabei caindo aqui, assim, meio sem prumo, numa viagem que tem tudo, menos norte. Gostei. A paisagem é bonita, a água verde-mar e o céu azul clarinho. Belas palavras. Boas paragens. Ancorei o barco. Espero que continue a fazer bom tempo.

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