quinta-feira, 6 de maio de 2010

Aula de fotografia

Segundo período da faculdade. Roland Barthes. O punctum. Ou algo parecido. Todos juntos, olhos fechados, leitura de textos. Falação sobre o que surgia à mente. Minha mente é inquieta. Acelerada. Tanto que, mesmo lesa de tanto analgésico tomado para combater mais uma crise violenta de enxaqueca, ainda há quem me chame de elétrica. Isso quando me acho em marcha lenta. Bem. À aula.
O punctum me rendeu refazer o trabalho. Pela segunda vez, refiz trabalho na faculdade. Eu sempre entedia outra coisa. Bem outra.
Bolas pretas, linhas, mudanças de cenário. Quase um videoclipe. Na minha vez de ler: Água Viva, de Clarice. Último livro que li dela. Foi na época de...de. Segundo período. Roland Barthes. Primeira aula de campo. Minhas melhores fotos. Todas montadas. Fui de mochila nas costas. Livro de Clarice (de novo!), lenço fino da minha mãe, um vestido antigo - da minha mãe. Da época que ela conheceu meu pai. Ladeiras de Olinda. Flores caídas, escada e o livro. Grade amarrada com o lenço e moto passante na rua. Fotos. Léo deitado de braços abertos, de bruços, no chão da Igreja. Lívia envolta numa toalha de renda, pra parecer uma santa no meio do comércio da Sé. Fotos. Visão meticulosa, Mariana.
Nada. Imaginação. No zoológico não prestou nada. A foto estava ali, na minha cabeça. Mas os animais não queriam cooperar.
Existem dois mundos. Um de dentro e um de fora. No de dentro, há um riso gostoso, confortável, à vontade. Saído do nada por causa da minha timidez. Né que sou tímida? (Mas não vou me censurar. Afinal, vai tudo sempre sem edição. Nunca revisei nem redação de Vestibular). No de fora. Nada. Nada.
Às vezes, consigo bons modelos, que topam embarcar na minha criação fantástica. Fugir de aula para tomar banho de chuva. Parar ônibus com sombrinhas. Correr por edifícios alheios e viver histórias que não poderão ser contadas -ninguém vai acreditar.
Nas outras - eu deveria usar papel e caneta para escrever, a tecla del. Parar e pensar. Mas imaginação é coisa tola. Qualquer coisa, foge.

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