quinta-feira, 22 de abril de 2010

Até o dia em que o cão morreu

Em homenagem a B. de B. L.
Eu nunca vou esquecer que você chorou feito menino pequeno mimado quando lhe avisei que morreria antes de você. E que deveria ter a obrigação de ficar contente quando fosse embora e não esquecesse de me mandar pro crematório, fazer tudo rapidinho e depois me jogar no mar. Desde A Viagem que quero ser jogada no mar. Não precisa ser de helicóptero. Pode ser durante uma caminhada. Você dizia que eu tinha obrigação era de viver pra sempre, dizia com os olhos cheios de lágrimas e cara de raiva.
Perto de você, eu nem precisava falar muito. Perto de você, eu tinha era super poderes. Conseguia derrubar a energia de um sítio só para não deixar você aumentar a briga. Você sabia que, naquela madrugada, eu sonhei com uma prévia de tudo? Não naquela da briga. Aquela, aquela.
Tudo tinha ficado difícil. Minha doçura ficou desespero e sua firmeza, crueldade. A gente morreu junto. Nós dois. Sem enterro, sem festa. Sem cinza no mar.
Só, agora, daqui, do mundo imaginário das almas penadas, consigo escrever para você.

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