sábado, 10 de abril de 2010

Ficção

E se você descobrisse que por trás deste fino humor que ela apresenta nos salões há uma boa dose de amargura e cinismo. E se você descobrisse que ela está gelada, gelada. Que se deu mais que deveria e, agora, senhora de si novamente, não pensa em correr riscos. Que não há doçura, só a tolerância comum àqueles que já se deram mal, já agiram mal e já se fizeram muito mal.

Se você soubesse que ela pensou ter amado uma vez e achou tão ruim, tão ruim, que não quer nunca mais chegar perto daquilo novamente. Quando ela escuta Hallelujah, principalmente na voz de Jeff Buckley, algumas lágrimas se movimentam. E ela respira fundo para que nada fique fora do lugar. Muda rapidamente para Moon River, na versão de Sinatra, e se acha tão sozinha quanto Holly Bonequinha de Luxo e seu violão na sacada. Sente uns arrepios e segue em frente.

Você vai descobrir que depois que partiram o coração dela, sim, isso aconteceu, ela sem querer retribuiu em gente inocente. Não foi maldade. Nunca é, não é verdade?

Ah, ela não vai se arriscar. Ela não vai se atirar. Não tome ousadia por coragem, tome por fuga. Fuga compartilhada por todos que já se deram mal, já agiram mal e já se fizeram muito mal.

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