terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A menina nasceu bem menina. Do tipo que dá chiliquinhos, gosta de enfeitos e chora se não for tudo rosa ou lilás. Passou a gostar de vermelho aos 16 anos. Depois da fase negra dos 15. Era mulherzinha. Mesmo depois da ausência dos salões de cabelo, do ano que passou a usar ela mesma as tesouras. A cortas calças e ser contra capitalismo. Até que descobriu que com o capitalismo se sentia melhor. A culpa foi embora com o tempo. E bem, já estava na hora de se assumir. M-E-N-I-N-A. Com seus romantismos e fricotes. Laçarotes e borbados. Seguia pela rua, sacolas à mão, poucas ideias na cabeça.
Ah, que seria da vida sem sarcasmo? Mulher bem cuidada e inteligente fica chata de tão perfeita. Deixa nossa menina ser um pouco burra. Deixa ela brincar de ser oca.
Vai que lhe oferecem um recheio melhor? Às vezes, o superficial é tão mais honesto e sincero que os queixumes do mundo. A lista de feira, o sofrimento da mulher que tinge a sobrancelha ao lado com seus filhos irrequietos.
Mais vestidos para nossa menina. Que ela seja um pouco menos ela nesses dias.

Um comentário:

  1. Uau! Eu consigo vislumbrar a trajetória desta mulher, desde criancinha. Dá, até, para sentir a realidade do suposto amadurecimento, quando ela, quase que contraditoriamente, se torna mais superficial. Contraditório? Que nada! Menos ela? Eu diria, até, que jamais! Talvez, ela tenha apenas se descoberto humana, falha, filha de bom berço que não quer abrir mão dos confortos. Não é o sonho da maturidade, mas é certamente melhor do que a afetação de um falso-comunista.
    Enfim, perdoe-me o excesso de análise. Acho que eu viajei no texto. No mínimo, um sinal de que está muito bem escrito. Parabéns!

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