terça-feira, 4 de agosto de 2009

Eterno retorno


Ater-se ao presente. Sem perspectivas de um futuro impossível e sem as amarras de um passado nostálgico. Li isso numa crítica sobre a montagem de As Três Irmãs, elaborada em conjunto com um projeto de Coutinho. A peça é bastante especial para mim, foi lida duas vezes, seguidas, durante o primeiro período de faculdade. Num momento meio turbulento de adaptação à universidade após a saída do colégio. Moscou é o sonho distante, apego que dá um sentido mais doce àquelas mulheres e seus enredos.


O que seria o meu Moscou?


Ou melhor: será que preciso ou quero um Moscou?


Parece que, entre encontros e desencontros com os outros e com nós mesmos, somos levados pelo acaso a fazer escolhas impensadas. Nada que rime com impulsividade. O que abordo é diferente. Parece que aquilo que nos torna quem somos é o que acontece nas menores horas do dia. Quando nem pensamos em tomar decisões. Quando deixamos a vida seguir seu próprio curso.


Meu temperamento, minha ansiedade, minha necessidade de definição e de resolutividade de tudo me impelem a sempre querer tudos às claras. A ter respostas imediatas. Mas não é a vida um contínuo desenrolar de fatos e de acontecimentos? De sincronicidades que fazem saltar aos olhos os milagres dos pequenos assombramentos? Nossa esperanças e temores mais reclusos? A única coisa que está definida e certa é a morte. Ela é a resposta de tudo, para tudo. Porque é inquestionável e implacável. Não somente a morte de um ser. Mas a morte de qualquer coisa. De uma questão, de um amor, de um plano.


Então, vai ver que não sou assim tão desesperada por vida, porque a engulo o tempo inteiro para extrair dela algo que ela nunca vai me dar: respostas. A vida só nos traz mais dúvidas e ainda ordena: "Não perca aquilo que lhe entrego com tanto carinho por pensamentos tolos e mal elaborados, siga".


Vai ver que preciso aprender a amar a vida. Amar de verdade. Sem os percalços dolorosos da paixão, que cobra, incendeia, entontece. Vai ver que, agora, do alto dos meus vinte e cinco anos, eu esteja começando a engatinhar na minha própria arte de amar a vida.


Blog retorna. Feliz ano novo maia.

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