segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Fato do cotidiano


- Tem três Mariana Maciel

- A última, que tem Nepomuceno do lado. Essa. Eita! Apaga esse dependente!

- Apago, aqui a gente apaga, adiciona

- Melhor que orkut, né?

- Vem mais pra cá

- Agora, tem foto é?

- Cara de intelectual, humm.

- De nerd, né

- Mas dá pra ver que é você, mesmo que mude o cabelo

- É tirasse o moicano, né?

- Dava trabalho, e tinha que pedir sempre pra alguém fazer a trança

- Ei, esse dependente aí existe mais não. O último!

- Ah, tá. Olha, no sábado você faz pacote pro feriadão.

- Tá, venho sim. Oh, apaga esse dependente. Esquece não, rs. Tem troco pra cinquenta?

- Tem sim. Olha os DVDs

- E apaga esse dependente!

- Todos?

- Não, mainha fica, né? Nem quero e mesmo e se quisesse, mãe a gente não deleta do cadastro.



Digressão:



Provavelmente, todas as Mariana Maciel da locadora sou eu. Duvido que em Olinda exista mais de uma. Pode haver, sem dúvida. Mas, pelas minhas contas, sou as três. A primeira deve ser do cadastro da minha mãe. Que eu esqueci que existia e também, oras, sou adulta, devo ter o meu próprio nome na lista da locadora. Duas citações explicadas. A terceira, bem, eu era dependente de um ex aí. E o nome deletado? Um ex também.



Ou seja, mesmo depois de fazer toda a faxina energética - jogar um monte de cacareco bregoso fora, o meu passado amoroso resiste logo em um dos lugares onde mais afogo minhas mágoas e dores de cotovelo - na locadora. (Os outros lugares são beira mar de Olinda, Bacana da 12 de Março, casa das meninas, livrarias e algum bar de começo de noite).



Nos meus períodos pós-fora, além de passar por um certo isolamento nos finais de semana (é muito mais legal ingerir álcool na quarta-feira que na sexta), procuro refúgio nos livros (poucos) e nos filmes (muito). Ah, e no bom e velho vinho (bastante). Posso ser muderna como for, mas cerveja me parece bebida de ogro. Cheira mal, é de cor estranha, deixa gosto forte na boca e é totalmente sem charme. Se é pra dar uma de descolada e beber em garrafa, compro uma Ice, cujo teor alcóolico é semelhante.



Vamos lá, de volta. Que absurdo! Um resumo do meu passado lá, estampado, onde eu menos me lembraria, junto com todas as minhas preferências cinematográficas! Anotado junto do relatório das minhas referências imagéticas dos últimos sete, oito anos, sei lá.



Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças. Vou até voltar a ler o trecho de Tristão e Isolda de Pope.

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