segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Casa de mãe Joana

A objetividade é um dom. Seguir em linha reta, com precisão, Um dom. Organizar quarto e guarda-roupa, mantê-los ajustados, roupas estiradas, cabides bem pendurados.Não é coisa pra qualquer um. Uma amiga disse que deixamos gavetas e guarda-roupa igual à forma que deixamos nossas emoções. Meu quarto é um brinco. À força, porque ainda moro com meus pais. As gavetas, o caos. Não abra nunca a porta do meu guarda-roupa, pode desmoronar um mundo inteiro em cima de você. Nem ouse virar a chave que abre a porta que vai lhe dar acesso a mim. Ninguém sabe se lá abriga uma versão mais bagunçada da caixa de Pandora.

Mas vem cá? Não somos todos assim? Emaranhados, colchas de retalhos mal costurados? Quando criança, criei minha própria grife de roupas de Barbie - a Kolinha. Para quê usar linha e agulha, que complicava, enganchava e me fazia perder a ponta da costura? Cola Tenaz nas pontas dos tecidos que sobravam das costuras de vovó. Mais rápido e mais prático. Só não era à prova d´água. E ainda podia ter elástico por dentro.

Tem gente que ganha tempo pra desencavar aquilo que precisa por causa da organização. Por medo, desleixo ou sei lá o quê, jogo tudo em qualquer canto, passo por cima, acumulo. Deixo pelos espaços. Acho a bagunça uma coisa linda. Vai ver por isso nunca curti lego. Não dobrava, não desafiava a lei da gravidade, deixava tudo reto, alinhado, estruturado.

O bom é o desarranjado, o inesperado, o monstrinho. Feito aquele desenho animado do Natal - dos duendes e dos gnomos. Até hoje, não sei qual deles queria ser. Ah, e por que temos que escolher, excluir? O bom é tudo junto, misturado. Não abra a porta. Não torne a chave. Vai que Pandora se joga em cima de você.

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