Hoje, voltei para casa com o cd de Jeff Buckley no carro. Você nem deve saber que eu gosto disso. Pensei em parar na beira-mar, como eu fazia depois de falar contigo no telefone. Onde tantas vezes falei contigo por telefone. O lugar dos domingos com sorvete. O lugar aonde mais fui quando sentia tua falta. E vou misturar as pessoas do pronome. Nem vem que isso não é hora de me aperrear com o Português.
Você nem deve se lembrar do show que chamei você pra ir comigo. Já passou. É, eu fui. Sim, sim, foi bem bonito. Tinha bonecos de pano que se mexiam e cantavam. É, é uma indireta. Você ligou um dia antes mas preferi não lhe chamar de novo. Pra quê?
Tem bem um continente entre tua mão e a minha. Há três meses, eu achava que demoraria só seis pra gente morar junto.
Não, não diz isso. Não. Para.
É que eu fico muito pequena nesse teu mundo grande.
Não parei na beira-mar hoje. E até achei que fosse chorar quando ouvi Jeff Buckley (eu chorei tanto, tanto já). Só que não saiu nem uma lágrima.
Daqui. Pra frente? Daqui a uma semana, dois anos. Era o tempo que faltava pra gente casar, lembra? Ainda bem que não comprei aquelas louças. Você deve ter tido um pressentimento.
Queria pegar de volta o violão. Sabia que parece que eu sou canhota? Ah, o saca-rolha também. Sim, eu sei que o meu é melhor mas sei lá que vinho ruim você vai abrir. E eu tenho minhas músicas para compor. Por sinal, manda pra mim aquela letra que fiz pra tu. Deletei do meu e-mail depois te enviar. Falava de Carnaval e das ladeiras de Olinda.
É, é sim. Eu também acho que a gente podia nem ter se encontrado. Tá. Eu fui teimosa.
Que bom que estamos em paz.
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