quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Para todos e qualquer um


A maneira mais fácil de se saber se gostamos ou não de um filme ou de livro é quando nos percebemos envolvidos com os personagens. Ou seja, quando torcemos pelo final que desejamos. Quanto maior a vontade de ler um livro ou assistir tal filme, mais quero saber de como o enredo termina. Muitas pessoas estranham quando pergunto por quem morre. Uma amiga sabia que, por gostar de saber, eu gostava de contar, me pedia para eu não falar nada. Aí eu dizia:" A mocinha morre grávida no final". Ela batia em mim para depois me chamar de abestalhada e voltarmos aos risos. Cecília sempre acreditava.


Só que saber o fim da história me impediu de terminar um dos livros que mais me marcaram e inspiraram na vida: Memorial do Convento, de Saramago. Hoje, relembrei de Blimunda. Uma querida amiga precisava fazer um blog ilustrado. E escolheu o tema desejo. Discutimos logo Foucault e Freud. Nietszche ficou de fora, até porque nem sei se elas gostam ou leram. Eu mesma não li por puro medo, tudo que sei é do tanto que ouvi falar. No debate, também foram citados Hilda Hilst e Victor Hugo, com aquele texto bem bonito que virou música bem chata dos chatos do Barão Vermelho. Fernanda lembrou do adorável e belo Up - Altas Aventuras e eu de Blimunda.


Desejo é uma nuvem. Ao sabor do vento, a criar o vento. Vai e volta, desprendida, imprevisível. Livre. Quando acumulamos muito desejo, o desejo se transforma em chuva. Vira água. Escorre rápido e mais rápido ainda vai embora, evapora. As nuvens do desejo podem deixar o dia mais bonito ou mais cinzento. Será que é por isso que gosto tanto de tomar banho de chuva? Para lavar a minha alma dos quereres? Ontem, rejeitei o cuidado de dois cavalheiros e os deixei com o guarda-chuva. Dispenso sombrinha - nas minhas mãos, ou se perde ou se quebra, não possuem nenhuma serventia.


Meu desejo de agora? Não desejar mais o bolo de rolo de chocolate que minha mãe compra e me engorda. Muito. Porque sou muito criança para resistir à felicidade intensa e curta de um chocolate que escorre naquela massa fofinha açucarada.


Um desejo que não seja desejo, um sonho? Fazer um milk shake com ganache de chocolate amargo e sorvete de creme. Para depois testar o mesmo ganache com sorvete de chocolate da John´s. Acompanhados de um mega sanduíche de queijo polenguinho.


Ah, são desejos só meus. Que posso dizer que ninguém mais tem, só eu. Os outros, os outros são comuns de todos.


Indicação de leitura: Nina Chuva e Luna Clara & Apolo Onze

Nenhum comentário:

Postar um comentário