Não sei usar pronomes. Não sei dizer eu. Talvez porque minha marca esteja escancarada o tempo todo porque não paro nunca. Não descanso, não durmo. E para cada não que me dou, devolvo uns cincos sim. Ou não. Ou sim. Quem sabe? Importa, de fato? De que vale cada afirmação?
Quando escrevo, descanso. Durmo. Por isso, melhor ficar na torre, mais seguro. Que há de mim além do instinto? Além do inquieto, do inconstante, da vontade de deixar de ser uma para virar milhões e dividir os rastros de sentimentos dispersos, escondidos em cada ato mal empregado, em cada armadilha por esse eu montada? Se houver uma palavra para ser apagada, que seja eu. O nós alivia a culpa. Culpa de quê? Nós é bom – vale por dois e por todos os problemas. Que problemas? De fato, há algum?
Escrevo para concentrar os olhos num único ponto. E dar lugar para as mãos e dedos. As pernas que se contorcem entre cadeira e chão e coxas. As coxas que possuem vida própria e seguem o que lhes der vontade e prendem entre elas aquilo que lhes carece. A vontade que escurece e ilumina. Mais ilumina, por que vontade é sempre bonita.
Vontade é sempre leveza. Vontade é que tem razão. Vontade é um sorriso. Qualquer um. Desde que seja.
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